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Será que eu preciso?

O começo de um novo ano é momento propício para repensarmos nossas vidas. Na sequência daqueles encontros com pessoas queridas, familiares, festas, brindes de final de ano e férias, começamos também a rever como foi o ano que passou, o que fizemos, o que gostaríamos de fazer diferente no ano que se inicia. E aí vem as listas de metas, cheias de expectativas e de sonhos.

Para algumas pessoas, um destes objetivos da lista pode ser o cuidado consigo, com a saúde mental. “Agora vou iniciar minha análise. Vou buscar uma terapia. Agora vou cuidar de mim, dos meus pensamentos, das minhas angústias, daquele nó na garganta que me sufoca, daquelas lembranças que continuam a me aterrorizar.” Na sequência dessa decisão tão importante, porém, a dúvida e hesitação tomam conta e com elas podem surgir alguns pensamentos que tiram dessa rota assertiva. “Será que preciso mesmo de terapia? Mas a minha vida não está tão ruim assim… Mas custa caro. Será que eu vou ter grana pra pagar? Mas vai tomar muito tempo e eu queria resolver rapidinho, tipo em 2 sessões…”

Se você está com algum desses pensamentos em mente (ou todos eles!) e percebe que eles te mantêm no mesmo lugar, eis a hora de derrubar essas justificativas!

“Mas a minha vida não está tão ruim assim…”

Não é fácil considerar que temos problemas não resolvidos, que precisamos encará-los de frente e dissolvê-los. É tão mais cômodo pensar: “ah, mas isso pode estar ruim, mas tem tantas outras coisas boas, que dão certo e que me dão alegria!” É um modo de apenas trocar uma coisa por outra, de desvalorizar os sofrimentos que se sente. Você pode ter certeza de que aquilo dói e traz sofrimento vai continuar aí se você não parar para escutar o que essa dor tem a dizer. É preciso ter coragem para se ouvir e encarar este desconhecimento.

“Mas custa caro…”

Eis uma das preocupações que parecem vir em primeiro lugar. Que atendimento psicanalítico custa caro. E aí, como vou pagar? Às vezes é mais fácil se apegar a preços para se impedir de fazer qualquer movimento do que fazer outra pergunta: “Quanto eu posso e estou disposto a pagar para ter um espaço para falar e cuidar de mim?” Vale lembrar de uma coisa bem importante: nada custa mais caro que os sofrimentos, as angústias, as tristezas. Nada custa mais caro do que uma vida insatisfeita, do que a infelicidade consigo mesmo.         

“Mas vai tomar muito tempo…”

Mudanças subjetivas tem seu próprio tempo para acontecer. Não é da noite para o dia que vamos conseguir resolver aquilo que há anos estamos deixando de lado. Soluções apressadas não chegam ao cerne do problema, além de se desfazem rapidamente. Em contrapartida, aquilo que leva tempo para se construir tem um resultado duradouro, eficaz e permite que você encontre suas satisfações, aquilo que lhe deixa feliz. Então tenha paciência consigo mesmo e busque encontrar seu próprio ritmo de caminhar em uma terapia.

Apenas você pode saber

Só você pode decidir dar atenção aos seus sentimentos, pensamentos, ruminações. Só você pode saber que precisa de um atendimento psicanalítico, que precisa iniciar uma análise de si, que está com problemas afetivos, emocionais, de relação com as pessoas e que precisa parar para resolver. Aliás, essa decisão faz toda a diferença. É um primeiro passo para alguma mudança verdadeira, uma mudança que possa trazer mais realizações e satisfações na vida.

Para finalizar, se essa questão apareceu em sua cabeça “Será que eu preciso?”, é um sinal, é um chamado. Não deixe de responder a ele. O novo ano já começou e sempre está começando quando tomamos uma decisão importante em nossas vidas. Não deixe você mesmo pra depois do carnaval. “Eu preciso, preciso sim.”