Foto do consultório de psicanálise de Djulia Justen

Quando procurar um(a) psicanalista?

Qual é o momento oportuno para buscar a psicanálise? Ela é indicada para tratar qualquer tipo de doença psíquica e de sofrimento? O que pode levar alguém a se decidir por esse tratamento terapêutico? Para estas perguntas, apresento neste texto algumas ideias recolhidas na leitura de Para que serve a psicanálise?, livro de Denise Maurano, publicado pela editora Jorge Zahar em 2010.    

Um longo caminho

Pode haver um longo caminho até que uma pessoa busque a psicanálise. Geralmente ela só é escolhida quando já se tentou de tudo para acabar com o mal-estar, o vazio e o desamparo e nada resolveu. Quando a auto sugestão “não devo pensar nisso, devo pensar em outra coisa” já não dá mais conta, quando você se sente impotente diante de seu de seu incômodo, de seu sofrimento.

Pode até ser que você não saiba ao certo o que te leva a procurar um psicanalista, mas certamente há um grande sofrimento em cena, alguma questão lhe intriga. Se você percebe que o que te incomoda e faz sofrer surgiu em determinado momento da sua vida mesmo que você não saiba como nem porque, se você além de querer se livrar do mal-estar queira saber o que isto pode dizer acerca de você mesmo, sobre o modo como você se relaciona com a vida, vale a pena procurar a psicanálise para te ajudar 🙂

Questão de decisão e de desejo

É muito comum que uma pessoa passe anos às voltas com suas questões até que um dia decida bater na porta de um psicanalista. Também é frequente alguém ser identificado como aquele que precisa de ajuda, que está sofrendo, atormentado e atormentando as pessoas ao seu redor, mas ela mesma nem pensa em buscar uma análise. Este tipo de cenário costuma mostrar que, mais do que uma questão de necessidade em função do sofrimento e do mal-estar, buscar uma análise é também uma questão de decisão e de desejo.

Uma constatação e um questionamento

A psicanálise tem condições de operar como um tratamento terapêutico na medida em que há um certo questionamento por parte do sujeito que a procura. “O que estou fazendo?”, “O que há em mim que produz esse estado de coisas e situações ao meu redor do qual eu me queixo?” Essas interrogações colocam em cena uma constatação valiosa: um saber de um não-saber, algo que atua para além da consciência e para além daquilo que o eu supõe dizer. É uma constatação de um saber inconsciente! A partir deste ponto a psicanálise pode oferecer algum tipo de ajuda, algum tipo de transformação subjetiva para diminuir o sofrimento neurótico.

Às vezes pode acontecer que aquele que busca a psicanálise já tenha em si esse questionamento e esta constatação. Às vezes não. Mas não tem problema. É também trabalho do psicanalista propiciar este encontro consigo mesmo para que haja uma possibilidade de se escutar, de se situar naquilo que diz e de se intrigar consigo mesmo 🙂