O que a psicanálise estuda?

O inconsciente e a sexualidade são dois dos principais temas estudados pela psicanálise. É com eles que seus estudos tiveram início, ganhando profundidade e amplitude, além de marcarem a diferença entre outras abordagens psicológicas. O grande espaço conferido a eles no arcabouço teórico psicanalítico torna possível afirmar que abordá-los tanto em separado quanto conjuntamente demanda tempos de estudo e de análise talvez infindáveis. Entretanto, algo pode ser dito sobre o que a psicanálise se debruça.

A descoberta freudiana do inconsciente

 A descoberta freudiana consiste no inconsciente. Ela produz uma quebra na pretensa soberania do eu consciente, marcando o sujeito com uma ignorância, um não saber, um desconhecimento. Ou seja, existe uma ênfase radical do inconsciente na vida psíquica. Pela estrutura de linguagem do inconsciente dizemos e fazemos coisas que nem nos damos conta: os chistes, os atos falhos, os lapsos, os sonhos e também os sintomas de que nos queixamos.

Importância da sexualidade

A psicanálise coloca a sexualidade no centro de sua experiência e de sua problemática. Desde seus primórdios, Sigmund Freud considerou a importância do sexual na constituição subjetiva e na origem das neuroses. Trata-se de uma noção expandida, desvinculada da reprodução e não restrita apenas aos órgãos genitais, mas ao corpo, dando destaque as suas variadas formas (polimorfas) ao perverter a finalidade reprodutiva.

Qual a singularidade da psicanálise para a sexualidade?

Talvez o conceito ampliado de sexualidade não seja uma exclusividade da psicanálise. Com as obras O erotismo e a trilogia História da sexualidade, os filósofos franceses George Bataille e Michel Foucault também alargaram esta concepção. Então, fica a pergunta: qual seria a singularidade da psicanálise em relação à sexualidade?

Assim como o inconsciente, a sexualidade não possui tempos de maturação ou cronologia de desenvolvimento. Não evolui a ponto de chegar a um todo acabado e normalizado, pois da criança ao adulto a sexualidade permanece infantil, perversa e polimorfa.

Divã para relatar e despertar

Deste modo, inconsciente e sexualidade são o chão onde se caminha em uma análise e também onde se deita. Se for possível dar sequência a essa analogia, deitar-se no divã implica não o dormir, mas o relatar e o despertar para os conteúdos sexuais e inconscientes que nos constituíram e que carregamos como traços de memória da nossa pré-história chamada infância.